Introdução
(...) agora sei que não te sei escrever. Só me sei calar ao pé de ti. Tu sabes, uma paisagem fala, bem como as fontes e os pássaros e as folhas. Mas de repente faz-se um grande silêncio. Um silêncio espantoso. Parece-me, de cada vez, que um visitante invisível visita o seu reino e pousa o pé nas ervas onde todos os grilos emudecem, tal como os pássaros nas árvores, arrebatados. E os ventos respeitosos. Nada mais se mexe. E é de tal forma a mesma coisa em mim quando te aproximas. Como se calam as minhas ternuras, os meus desejos, os meus remorsos!E todas as imagens que por mim passavam, recebo-te absolutamente. E ao mesmo tempo tenho medo, tenho medo de que tu digas: como é silenciosa esta paisagem, como este reino me aborrece, como estas fontes cantam pouco. E, no mesmo passo, lá vais tu embora com o teu vestido a arrastar-se na erva, sem saberes que basta a sua carícia para que tudo se cale. (...)
Saint-Exupéry
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